Já é digno de amena preocupação, o alto nível de endividamento familiar. É que com a queda das taxas de juros, o desejo represado por bens de consumo acabou parcialmente satisfeito (ou, em vias de satisfação).

Acontece que essa tendência ao endividamento já prenuncia algum tipo de comprometimento da, ainda combalida, massa de rendimentos familiares. É que a alardeada retomada dos empregos continua escondendo grandes níveis de precarização trabalhista (subocupação e desalento) e queda das massas de rendimentos.

Nesse sentido, com rendimentos menores e comprometidos pelo crescente endividamento, a tendência ao consumo é cadente. Isto significa que o nível de consumo dos bens produzidos pela indústria está diminuindo tendencialmente, o que poderia reduzir a disposição à novos investimentos pelo setor industrial.

Esse fato já vem ocorrendo com a fuga de capitais estrangeiros, céticos quanto o crescimento industrial do Brasil. O esperado efeito de “crowding in”, portanto, não está ocorrendo nos patamares esperados (“crowding in” ilusório).

É nesse momento, antes tarde do que nunca, que investimentos públicos, focalizados na empregabilidade são necessários. Com a, decorrente desses investimentos, criteriosos e focalizados, elevação da massa salarial da população, haverá um incentivo à produção industrial, que, então, poderá investir satisfatoriamente, para o desenvolvimento justo e democrático, do Brasil (“crowding in” real).

Andre Naves

Defensor Público Federal, Professor, Escritor e Palestrante interessado na ampliação e concretização dos Direitos Humanos, pela Cultura, Literatura e Arte.

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