Ainda que me faltem condições e autoridade para discorrer sobre o tema, já que toda a tradição e sabedoria culturais judaicas foram-me castradas violentamente pelos tribunais inquisitoriais, além de sepultadas pelas poeiras dos séculos e do olvido, arriscar-me-ei a tecer um singelo e humilde comentário acerca de um pequeno, mas fundamental, aspecto da simbologia trazida pela festividade de Pessach.
Pessach é a Festa da Liberdade e também da Inclusão!
É um lembrete perene, e daí sua necessária repetição, de que não há espaço para fermentação e expansão do “eu”. Ao contrário, nossa individualidade, a festa nos lembra, só se completa quando nosso “eu” se dissolve num harmônico “nós”. Ou seja, todos temos nossa essência individual que deve ser potencializada e celebrada, mas nossa dignidade só se perfaz coletivamente, com a pressuposição de que estamos todos juntos, em um mesmo caminho, e devemos cuidar uns dos outros.
Assim como o povo judeu, em sua jornada rumo a Jerusalém, era formado pelas mais diversas individualidades que, com suas diferentes capacidades, atuou mediante o cuidado coletivo mútuo de maneira a potencializar as características e possibilidades pessoais de cada um, nós, em nosso labor constante de aperfeiçoamento devemos buscar apoio nas melhores capacidades coletivas.
Nenhum de nós é tão pequeno que não possa contribuir. Nenhum de nós é tão poderoso que não precise de algum auxílio!
Somos diferentes, somos diversos, somos únicos. Somente com a união de nossas melhores capacidades conseguiremos, com sucesso, alcançar nossos objetivos finais!
Chag Pessach Sameach!
Especialista em Direitos Humanos e Sociais.
Defensor Público Federal. Escritor, Palestrante e Professor. Conselheiro do Chaverim, grupo de assistência às pessoas com Deficiência. Comendador Cultural.
Colunista do Instituto Millenium, além de diversos outros meios de comunicação. www.andrenaves.com