Chora viola!

            Lenta e calmamente anuncia o causo que se avizinha…

            Lá nas terra da dona Maria Antônia, lugar em que a peleja comeu sem cerimônia, o asfalto deita e a carraiada buzina! A barulhada reina… Ahhh… Como seria bão um canarinho em veiz do busão!

            Era hora de almoçá! Eu tava comendo meu parmeggiana! Nenhum queijinho, nenhuma branquinha lá… Uma brahma que parecia a canela do pedreiro! Essa tinha. Então, de repente, uma estranheza sucedeu…

            Uma dona, um corotinho, um corisquinho que não parava de falá, veio. Atrás dela um branquelo, meio gordo e desengonçado. Sabe o bicho da goiaba? Era ele… Só ouvia. Quase não falava.

            Quando entrô nem sei se percebeu!

            Era uma prova! Diacho! Já achei que ia dá prosa.

            Ele só queria uma broa e um café. A fome que reze pra quem num tem fé! E eu, só de butuca. Minhas oreia que parecia uma cumbuca! Ovia aquela dona e o rapaz. Quem come queto ganha em paz!

            Ela decidia tudo. Num é que escolheu o mesmo que eu? Só a loira ela dispensô! No fim, nem broa, nem quejo, nem prosa, nem nada… Parmeggiana e água! E ele, sem falá, engolia, pra num dizê patacoada.

            Acho que me conheceu… Seus óio num saía d´eu! Pelo jeito que levava conhecia o riscado da roça. Quem ia pedí uma broa e um café? Parecia até troça! Naquele Sol de queimá os miolo com as buzina e o asfalto queimando o pé?

            Eu tava na gelada. A dona num admitia! Num pudia sê homi bão quem bebe isso em vez do pão!

            Ele num parecia acreditá! Será que nosso Senhor tinha um telegrama pra mandá? Me conhecia de fato! Acho que gostava de filme, de música e de mato! Era eu, sim. Só que num tava na Pompeia…

            E ele? Pela cara, nunca tinha ouvido o galo! Sabe um jeito de leite e pêra? Mas… Tinha algo lá… Um cabra escamoteado ou um caboclo de cór? Só sei da prova… Ia sê dotô, sem êra nem bêra!

            Foi tratá das dentadura. Tinha calma, nunca teve pressa… Na saída, ainda comentô: vontade duma rapadura! Olhô pra mim. Seus verde nos meu azul. Eu abri a boca pra falá: e uma paçoca? Num ia faltá!

            Ele sorriu e a dona também. Balançô o rosto e fez como quem pega no chapéu: Bão! Só deu tempo deu respondê: bão! E lá eles se perdero como quem vai pra Belém! Nunca mais vi, nem soube…

            Saí logo depois… Terminei de cumê e fui andá. Isso é bom pra matutá… Eu, Rolando Boldrin perguntava pros passarim…

Será que virô dotô? Será que voltô pra lida? Cumé que deve de tá levando a vida? Isso num tem importância! Só sei que aprendi! E deve de te dado uma boa lição tudo que fiz!

Enxerguei que só o simples faz feliz!

André Naves

Defensor Público Federal, especialista em Direitos Humanos, Inclusão Social e Economia Política. Escritor e Comendador Cultural.