A responsabilidade dos agentes econômicos na ruptura do ciclo da pobreza

A responsabilidade dos agentes econômicos na ruptura do ciclo da pobreza

A autonomia é a capacidade de cada ser humano ser apto a superar toda sorte de barreiras irrazoáveis. Há uma série de barreiras justificadas em que a interdependência humana realça a individualidade de cada pessoa quando, em coordenação com a coletividade, essas são superadas, franqueando a cada um sua existência digna e inclusiva perante a sociedade.

As dificuldades irrazoáveis, por outro lado, são aquelas que aprisionam cada indivíduo ou coletividade nas masmorras da exclusão social. Dentre essas barreiras, pode-se destacar a pobreza. Ou seja, as dignidades inerentes a cada pessoa humana, que devem ser desenvolvidas e destacadas tanto intrinsecamente, no processo de auto-burilamento, como extrinsecamente na interação harmônica com a coletividade, não podem ser bloqueadas pela ação excludente.

Na medida em que cada indivíduo, sempre em coordenação com a coletividade, pode desenvolver sua dignidade, ocorre o processo que se convencionou denominar de “humanização inclusiva”. A pessoa humana, assim, portadora de dignidade potencialmente satisfeita, tem as capacidades desenvolvidas para inovar, consumir, produzir e, resumidamente, contribuir com a edificação social.

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Nesse sentido, a ruptura do ciclo da pobreza representa a liberação de individualidades de uma das mais dramáticas e irrazoáveis mazelas humanas. Ela significa, não só o potencial resgate de novas dignidades, mas também a inclusão de novas capacidades humanas. Em uma ideia, pode-se resumir a eliminação das prisões da miséria e da pobreza como a construção social de um novo ciclo de desenvolvimento econômico. É dizer que a eliminação dessas barreiras é um pressuposto para a prosperidade.

Repisarei uma vez mais: só com a superação da pobreza poderemos nos desenvolver econômica e socialmente! A ruptura do ciclo da pobreza levará a um ciclo de desenvolvimento!

Mas, de quem é a responsabilidade pela quebra dessa ciranda macabra? A resposta é múltipla, e comporta análises sob diversos prismas. 

Entretanto, é também do melhor interesse de todos os agentes econômicos que isso seja feito. Assim, será possível desfrutar-se de um ciclo sustentável de crescimento econômico, em que a tônica seja no desenvolvimento individual, coletivo e social, para que seja viável a concretização de nossos maiores ideais democráticos: um Brasil Livre, Próspero e Justo.

ANDRÉ NAVES

Especialista em Direitos Humanos e Sociais.
Defensor Público Federal. Escritor, Palestrante e Professor. Conselheiro do Chaverim, grupo de assistência às pessoas com Deficiência. Comendador Cultural.
Colunista do Instituto Millenium, além de diversos outros meios de comunicação. www.andrenaves.com