Caminho…

person hand reaching body of water

Caminho…

Lembro-me de abrir os olhos… No momento em que a Luz começou a penetrar em minha alma e desfazer as trevas em que eu estive imerso por tantas semanas, percebi o Samba: era um desfile celebrando os 500 anos do Brasil. Voltei à caverna da inação, de onde só saía por poucos instantes, cada dia um pouco mais, durante as semanas seguintes. O carro, o acidente, o coma… Tudo se somava em confusão, esperança e incerteza: as águas do rio sempre fluem e os caminhos nos convidam à viagem!

Caminho…

Por trilhas em que o “eu” se dissolve no “nós”, sigo adiante. Uma nova disciplina, recheada de muito trabalho, terapias e tratamentos seria a nova marca que guiaria o meu caminhar. Ela é o pendor para a caminhada constante, sempre enxergando os limites como possibilidades. É a luta diária pela superação dos mais variados obstáculos. É a certeza de que as nossas reflexões só produzirão efeito se realizadas e, portanto, devem pautar a ação concretizadora. Em uma ideia: a disciplina é a materialização da esperança… O esperançar!

Espero, logo caminho…

Mas as mesmas trilhas que nos convidam ao progresso, são as que nos desafiam com obstáculos e revezes. O cerne da questão, a solução que nos levará ao sucesso, reside na perseverança. Assim como o rio que segue fluindo e desvia das rochas, nunca tentando aniquilá-las, a continuidade pelo mesmo caminho com a adaptação às barreiras impostas, por mais severas que elas sejam, é a estrada para o sucesso e para a superação. Ora, se a disciplina deve ser a substância do nosso caráter, a perseverança é o fermento de nossas realizações. 

Com as pedras encontradas, pavimento o caminho!

De nada adianta a disciplina divorciada da perseverança. Não há benefícios, por sua vez, na constância sem a arduidade. A verdade, entretanto, é de que nada vale caráter nem realizações egoístas. A vida quer da gente é alteridade, isso é, enxergar nos outros os complementos para as falhas do eu. Ela exige a consciência de que a diversidade é o maior ativo humano! Entretanto, essa tomada de posição em favor da pluralidade não pode ser fria, mas deve ser inclusiva, dando voz e emancipação plena às mais diversas individualidades. 

Acompanhados, caminhamos mais longe!

Dotados da Disciplina, da Perseverança e da Alteridade como vestes que devem impulsionar as conquistas humanas, nota-se que a Inclusão Social, materializada pela concretização dos Direitos Humanos, é a melhor estratégia para a obtenção da sustentabilidade ambiental e da transparência de governança: é que pressões sociais favorecem o desprezo pela Natureza e o advento de novas práticas corruptas, e vice-versa. Ou seja, o chamado tripé paradigmático “ESG” deve ser encarado como um pilar único, em que cada uma de suas faces é interdependente e harmônica em relação às outras… 

Dessa maneira, impulsionados pela disciplina, pela perseverança e pela alteridade, devemos percorrer as trilhas, da sustentabilidade ambiental, da inclusão social e da transparência na governança, se quisermos almejar a construção de uma sociedade estruturalmente Sustentável, Livre e Justa, sem esquecer, entretanto, que é caminhando que se faz o caminho…

ANDRÉ NAVES

Especialista em Direitos Humanos e Sociais.
Defensor Público Federal. Escritor, Palestrante e Professor. Conselheiro do Chaverim, grupo de assistência às pessoas com Deficiência. Comendador Cultural.
Colunista do Instituto Millenium, além de diversos outros meios de comunicação. www.andrenaves.com

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