Páscoa: a libertação do “eu”
Pessach, a Páscoa judaica, nos relembra da importância da Liberdade e da Inclusão na travessia do deserto e do cativeiro até a Liberdade na “Terro de onde Jorra Leite e Mel”. A Páscoa cristã, a seu lado, como uma continuação dessa tradição, pode nos lembrar da libertação do deserto da morte, mostrando-nos o caminho à vida na Jerusalém celeste.
De maneira similar à interdependência harmônica entre cada indivíduo na vitória sobre os áridos caminhos relatados pelo Pessach, na Páscoa somos apresentados aos símbolos da Cruz, do Gólgota e da Ressurreição. Ou seja, marca-nos a noção de que Cristo não carregou a própria cruz: quem o fez não foi Simão Pedro, o primeiro dentre seus discípulos, nem João, o discípulo bem-amado, ou Maria, sua mãe, que representava o amor incondicional.
Jesus foi auxiliado por um transeunte que ali estava. Simão Cirineu é a figura que denota a existência de nossos amigos anônimos: pessoas que nos ajudam na superação de nossos, maiores ou menores, desafios.
Assim como em Pessach somos chamados às glórias da Liberdade e Inclusão, na Páscoa somos incitados, uma vez mais, à libertação do “eu” dos grilhões da egolatria. A Páscoa é a festa que representa a saída da humanidade das masmorras do egoísmo. É a festa que nos lembra que só há superação de nossas necessidades com União, Harmonia e Justiça.
A autonomia individual só é completa, só é libertadora, quando inclusiva e justa.
Para a travessia desse deserto, até a chegada na libertação do Reino de Justiça, é necessária a disciplina, a perseverança e a alteridade.
ANDRÉ NAVES
Especialista em Direitos Humanos e Sociais.
Defensor Público Federal. Escritor, Palestrante e Professor. Conselheiro do Chaverim, grupo de assistência às pessoas com Deficiência. Comendador Cultural.
Colunista do Instituto Millenium, além de diversos outros meios de comunicação. www.andrenaves.com