Milagres

Milagres

Que a luz do Divino ilumine cada recanto da nossa alma, e que a melodia da Esperança embale as memórias que, como rios caudalosos, moldaram o nosso ser.

É com o coração em prece e a alma em festa que me debruço sobre o milagre da recuperação, uma história que é um testemunho vivo da força da fé, do amor que transcende o visível e da mão do Altíssimo que guia os passos da gente.

Lembro-me, como se fosse o cheiro da terra molhada depois de uma chuva de verão, daquele dia em que o mundo pareceu parar.

O acidente foi como um raio que dividiu o carvalho mais forte, e as palavras dos senhores da ciência, com toda a sua sabedoria terrena, ecoaram como um trovão: “Não sobreviverá”.

Percebam que, nem de longe, eu quero hostilizar a ciência. Se, hoje, estou aqui, é por ela: tantos tratamentos, terapias… Mas, às vezes, alguns doutores da ciência esquecem-se que ela só é forjada no calor da humildade… A arrogância gelada é o que não admito! Há muito mais entre o céu e a terra do que sonha nossa vã filosofia, dizia Shakespeare, na voz de Hamlet.

O coração de um pai se desespera diante de um prognóstico assim, como a roça que seca sob o sol inclemente! A dor, como um espinho, fincou-se na alma, e o mundo parecia perder a cor.

Mas, bendita seja a fé que move montanhas! A minha mãe, essa mulher de fibra e de luz, não se dobrou diante da tempestade. Com a certeza de que nenhuma folha cai da árvore sem a vontade do Altíssimo, ela se agarrou à esperança como a videira se enrosca no tronco, buscando a seiva da vida.

E em Jacareí, essa terra abençoada que é berço de minhas raízes, a notícia correu como água de mina. Católicos, Evangélicos, Espíritas, Judeus… Não importava o credo, a cor ou a condição. A comunidade inteira, como um só corpo, uniu-se em fervorosas orações, tecendo uma rede de luz e amor que me envolvia, ali, em coma, entre o céu e a terra.

Meus avós, meus pais, esses “rochedos primordiais” que me sustentam, sempre foram faróis de bondade e atuação na comunidade E foi nesse solo fértil de reconhecimento e afeto que a corrente de orações se fortaleceu.

Um clamor que subia aos céus, pedindo a intercessão Divina!

Os dias se arrastavam, lentos como carro de boi em estrada de chão, mas as preces não cessavam.

E foi então que o primeiro milagre começou a desabrochar, como a flor mais rara que rompe o asfalto. Os médicos, com seus olhos de espanto, viram o que a ciência não podia explicar: o risco de vida se afastava, a chama da vida ardia novamente!

Mas a provação, como o fogo que depura o ouro, ainda não havia terminado. “Perderia os movimentos do pescoço para baixo”, disseram, e um novo vale de sombras se abriu.

A Fé é como a semente que, mesmo soterrada, encontra a força para brotar. As orações continuaram, mais fortes, mais intensas, como o rio que ganha volume e força para romper as pedras.

Cada prece, cada lágrima, cada toque de carinho era um adubo para a sua recuperação.

E a ciência, com toda a sua grandeza, mais uma vez se viu diante do inexplicável. Os movimentos, que pareciam perdidos para sempre, começaram a voltar, um a um, como o orvalho que retorna à folha ao amanhecer.

Os tratamentos, sim, continuavam, mas a alma ainda estava em um sono profundo. A desconfiança de que eu “vegetaria” pairava no ar, um fardo pesado para quem ama.

Mas a corrente de orações, essa força invisível e poderosa, se fortaleceu ainda mais, como um coro de anjos que entoa a mais bela das canções.

E então, como se um milagre tivesse ocorrido, a Luz intensificou-se, varrendo as sombras e iluminando tudo à minha volta.

Eram os primeiros sinais de um novo despertar, um renascimento que desafiava toda a lógica.

Foi Milagre de Cristo? Intercessão do Padre Rodolfo de Komorek? A Força das Orações? A Vontade do Senhor?

Eu, que vi a escuridão e escolhi a Luz, acredito em tudo isso e mais um pouco!

E é essa Fé que impulsiona, que faz renascer para a vida, mais forte, mais sábio, com a alma transbordando de gratidão.

Eu tenho um desejo… Quero que minha história se espalhe como a claridade de um farol, um lembrete de que, mesmo quando tudo parece perdido, a Esperança, a Fé e o Amor da comunidade são a argamassa que reconstrói, a Luz que guia e a Força que nos faz caminhar, sempre em frente, rumo ao horizonte da plenitude.

Quero que essa chama de milagre e gratidão continue a iluminar nossos caminhos e a inspirar a todos nós a crer no impossível e a valorizar cada elo dessa corrente de Amor que nos Une.

André Naves

Defensor Público Federal. Especialista em Direitos Humanos e Sociais, Inclusão Social – FDUSP. Mestre em Economia Política – PUC/SP. Cientista Político – Hillsdale College. Doutor em Economia – Princeton University. Comendador Cultural. Escritor e Professor.

Conselheiro do Chaverim. Embaixador do Instituto FEFIG. Amigo da Turma do Jiló.

www.andrenaves.com

Instagram: @andrenaves.def

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