Desigualdade Social: a maior barreira!
Em uma pesquisa recente publicada no jornal “O Globo” de domingo, 25 de junho de 2023, foram revelados dados alarmantes sobre as vítimas da violência social. Amputados fisicamente e traumatizados emocionalmente, essas pessoas enfrentam um grave problema causado pela presença precária do Estado, potencializado pela desigualdade social e pela pobreza. A ausência estatal se mostra como a raiz de diversas estruturas sociais excludentes, que se tornam as principais barreiras a serem superadas e equalizadas pelo trabalho social.
Sempre que discutimos a questão das pessoas com deficiência, é fundamental compreendermos que a deficiência não está nelas, mas sim nas estruturas sociais. A deficiência reside no ambiente, na sociedade, e não no indivíduo. Quando essas pessoas interagem com barreiras sociais, ou seja, estruturas sociais excludentes, elas são impossibilitadas de experimentar a verdadeira inclusão social.
É interessante observar que atualmente as pessoas mais afetadas pelos eventos extremos do clima são aquelas historicamente excluídas ou precariamente incluídas socialmente. Isso nos leva a refletir que a sustentabilidade ambiental não pode ser uma justificativa para a reprodução de estruturas sociais excludentes. A superação da chamada “emergência climática” deve priorizar os indivíduos e a construção de uma sociedade estruturalmente inclusiva e justa.
Para alcançar essa inclusão, é essencial privilegiar a educação, o trabalho e o empreendedorismo. Ao incluir pessoas diversas e plurais, estimulamos a criatividade e as inovações sociais. Afinal, o que é a bioeconomia se não aquela que coloca a vida plena em seu cerne? Devemos caminhar em direção a uma sociedade que valorize a verdadeira igualdade de oportunidades e reconheça a diversidade como uma força para o progresso.
Combater a desigualdade social e superar as estruturas sociais excludentes são desafios fundamentais para construir um futuro mais justo e inclusivo. É responsabilidade do Estado, da sociedade civil e de cada indivíduo empenhar-se nessa busca pela equidade. Somente por meio de ações concretas e políticas inclusivas poderemos proporcionar às pessoas excluídas, muitas vezes amputadas fisicamente e traumatizadas emocionalmente, a chance de construírem suas vidas e encontrarem seu lugar na sociedade.
Precisamos romper com a ideia de que a deficiência está nas pessoas e reconhecer que ela está na falta de acessibilidade, nas estruturas sociais excludentes que perpetuam a desigualdade. Somente assim estaremos verdadeiramente lutando pela inclusão social plena e pela valorização da vida em sua totalidade. É um desafio que exige a união de todos os setores da sociedade, mas que, ao ser enfrentado, trará benefícios incalculáveis para uma sociedade mais justa e igualitária.
ANDRÉ NAVES
Especialista em Direitos Humanos e Sociais.
Defensor Público Federal. Escritor e Professor. Conselheiro do Chaverim, grupo de assistência às pessoas com Deficiência. Comendador Cultural.
Colunista de diversos meios de comunicação. www.andrenaves.com