A Educação é fundamental à coluna “ESG”
Os chamados critérios “ESG” (requisitos ambientais, sociais e de governança) devem ser analisados enquanto bloco monolítico. Isso significa que não se pode conceber uma iniciativa de proteção social que se encontre divorciada de um paradigma socialmente inclusivo ou, ainda, isolada dos necessários valores da transparência e da eficiência que a governam. Em suma, podemos advogar que qualquer empreendimento só será sustentável se mantiver atenção a todos os aspectos do chamado pilar “ESG”.
Partindo-se dessa premissa, é lícito destacar que o desenvolvimento sustentável é uma construção conjunta da iniciativa privada com a pública. Ora, cabe às pessoas humanas, enquanto individualidades que buscam uma existência digna, a fiscalização, a cobrança e a participação do atendimento integrado dos vértices constantes do bloco “ESG”. Traduzindo o pensamento anterior em uma palavra, pode-se reconhecer que cabe às individualidades e às coletividades as balizas e os controles relativos à edificação “ESG”.
Mas, para que a cristalização do desenvolvimento sustentável como fundamento inerente a atividade econômica e social seja cada vez mais aperfeiçoada pelos limites individuais e sociais, como exposto acima, necessária uma efetiva e eficiente política educacional que se paute pelo abarcamento de novas capacidades humanas ao tecido social. Ou seja, a Educação deve buscar a autonomia humana, tecendo uma ampla rede de oportunidades iguais que devem ser fruídas plenamente pelos indivíduos e coletividades.
Para que a igualdade de oportunidades seja realizada, a política educacional não pode se pautar exclusivamente por atividades estritamente de escolarização. A Educação é conceito amplo que, no sentido de desenvolver as capacidades humanas, deve integrar as práticas escolares com aquelas esportivas, culturais, inclusivas e de lazer. Assim, pode-se afirmar que sem inclusão social, sem esporte, sem cultura e sem lazer, não há Educação capaz de autonomizar capacidades individuais aptas a contribuir com o desenvolvimento sustentável.
Como exemplo, é possível observar as estatísticas brasileiras em que as maiores taxas de precarização social observadas no Norte e no Nordeste redundam em taxas alarmantes de jovens “nem-nem” (“nem trabalham, nem estudam”). Repise-se o argumento, já que de capital importância: a Educação não se reduz às atividades escolares, mas há de ser integrada com o Esporte, a Cultura, o Lazer e a Inclusão Social. As atividades “ESG” então, na busca por aperfeiçoamento, devem pautar-se pelo aumento das capacidades, individuais e coletivas, criativas presentes na sociedade.
Nessa linha de raciocínio deve-se ter em mente, entretanto, que governar, assim como empreender, é escolher e estabelecer prioridades. Dessa maneira, adequado se faz pensar que as políticas públicas dever-se-iam pautar pelo fortalecimento da Educação Infantil, ainda mais naquela concentrada na primeira infância. A literatura científica é farta ao demonstrar os benefícios de políticas Educacionais integradas, efetivas e eficientes focalizados na população infantil, para a emancipação individual com o desenvolvimento das capacidades criativas socialmente necessárias.
Assim, o Brasil precisa de uma atividade econômica pautada pelo pilar da sustentabilidade e coordenada com políticas públicas educacionais que aumentem o gradiente de pessoas aptas ao controle, à fiscalização e ao aperfeiçoamento da pauta “ESG”. Trocando em miúdos, enquanto iniciativas ambientais, sociais e de governança fortalecem a Educação, essa fortalece aquelas, numa simbiose benéfica para todos nós.
ANDRÉ NAVES
Especialista em Direitos Humanos e Sociais.
Defensor Público Federal. Escritor, Palestrante e Professor. Conselheiro do Chaverim, grupo de assistência às pessoas com Deficiência. Comendador Cultural.
Colunista do Instituto Millenium, além de diversos outros meios de comunicação. www.andrenaves.com