Cores da Esperança
O que são as Artes? Desconfio que ninguém seja capaz de defini-las, até mesmo porque essa seria uma definição tão absurda quanto inútil. O ser humano pensa, imagina, sonha… Por isso faz Arte!
Desde criança, pinta o sete!
E tal e qual o pensamento e a imaginação, ela é uma fuga e um entendimento. Elas nos ensinam a encarar e enxergar a realidade. Fugimos das ilusões para aportamos nas praias da verdade.
A gente já vive num mundo em que explodem as cores, os sabores, o sorriso e o samba! Precisamos entender que rir demais é desespero! Precisamos parar de jogar nosso lixo embaixo do tapete!
Talvez por isso fosse necessário um Lazar Segall, como seus temas desesperados, a nos fazer entender as misérias dos excluídos… Ele sabia onde o calo dos que eram expulsos doía!
Ao mesmo tempo, se a gente analisar as gravuras, e até músicas, produzidas nos malditos campos de concentração e extermínio, enxergaremos as cores da esperança. É que numa realidade de terror resta o sonho num futuro livre e pacífico.
Sabe um povo que se torna mais sólido e especial depois de tanto ódio e perseguição? Desde antes de Haman, quando eram sorteados os aniquilados, até os discursos nojentos de líderes políticos atuais, que inflamam as hordas perseguidoras, tanta pressão fez surgir do carvão o diamante.
As cores da esperança ganharam em quentura e alegria! Não dá nem pra imaginar a civilização sem tantas pedras preciosas que, apesar de tanto chorume, despontaram e continuam a florescer!
E daí o povo da ginga e da malemolência entende que assim como precisam do monocromatismo da desesperança, os excluídos se nutrem da alegria esperançosa de tantas tonalidades…
Talvez as Artes sejam isso… Enquanto aprendemos, com Lazar, as dores, enxergamos, com Yair Emanuel, as cores da Esperança!
André Naves
Defensor Público Federal, especialista em Direitos Humanos, Inclusão Social e Economia Política. Escritor e Comendador Cultural.