“ESG” e Cannabis Medicinal

“ESG” e Cannabis Medicinal

Já passa da hora de desmistificarmos o necessário uso da Cannabis medicinal. Muito diferente da droga recreativa que deve, rigorosamente, ser combatida e desestimulada, a Cannabis é o insumo básico de um importante remédio que auxilia e cura diversas doenças. 

A verdade é que, diversamente do propalado pela desinformação e pelo preconceito, a Cannabis constitui, desde que corretamente usada, um medicamento que cura severas doenças e melhora a qualidade de vida de muitos doentes.

Dentre as morbidades que já possuem robustas evidências científicas vinculando o uso adequado de medicamentos feitos com a Cannabis, encontramos diversas tipologias de dores crônicas, mal de Alzheimer, ansiedade e síndrome de burnout, fibromialgia, autismo, mal de Parkinson, epilepsia e diversas outras.

Existem, inclusive, promissores estudos relacionando o uso do óleo canábico, também denominado canabidiol, à melhora das condições de vida daqueles portadores da síndrome da COVID de cauda longa (ou de vida longa). Aliás, o objetivo precípuo dos medicamentos é de melhorar a qualidade de vida, evitando sofrimentos desnecessários daqueles possuidores de doenças e condições.

Dessa maneira, a Cannabis medicinal contribui para a melhoria do bem-estar dos doentes. Com isso, pode-se afirmar que eles passam a desempenhar com mais qualidade suas atividades pertinentes à cidadania, quais sejam, o trabalho, o estudo e a produção. Ou seja, ela é importante para a concretização da dignidade dessa parcela populacional.

Isso sem mencionar a profusão de produtos que adviriam do correto uso, dentre os quais é importante destacar as práticas de agricultura sintrópica e de regeneração florestal, a produção de óleos e biodiesel, os usos alimentares, a produção têxtil, de papel & celulose, de plásticos biodegradáveis, além de insumos para a construção civil.

Trocando em miúdos, a desestigmatização da população que precisa fazer uso dos medicamentos a base da Cannabis é importante para desestruturar preconceitos, incluindo-os socialmente. Quebradas, assim, as correntes do obscurantismo e do preconceito, esses cidadãos terão acesso facilitado aos remédios de que necessitam. Dessa maneira, poderão contribuir, enquanto cidadãos, das atividades inovadoras, que impulsionam o desenvolvimento econômico e social e, com ele, a Justiça.

É importante frisar que no cenário atual, em que os critérios “ESG” balizam os investimentos, a inclusão social, integrante do pilar “S” (Social), acarretada pelos adequados usos da cannabis, é fator de atração de novos recursos. Da mesma maneira, as externalidades ambientais positivas relacionadas à cultura canábica, componentes da coluna “E” (Environment), traduzem maior progresso social. Por fim, o critério relacionado à iniciativa de transparência governativa, letra “G” (Governance), seria atendido na medida em que o ordenamento jurídico e a atividade policial seriam otimizadas, já que legalizada criteriosamente a utilização da cannabis para fins exclusivamente medicinais.

Em suma, a cannabis medicinal é importante para aumentar a qualidade de vida daquelas pessoas com certas doenças, além de impulsionar, pela atração de investimentos ensejada pela difusão da tríade “ESG”, o desenvolvimento econômico e social.

ANDRÉ NAVES

Defensor Público Federal, ex-Chefe da Defensoria Pública da União em São Paulo. Conselheiro do Chaverim, grupo de assistência às pessoas com Deficiência. Comendador Cultural. Escritor e colunista do Instituto Millenium, da Revista de Tecnologia 360, além de diversos outros meios de comunicação. www.andrenaves.com