A Tulipa Vermelha

Tulipa Vermelha

A Tulipa Vermelha

            Sabe aquela moça porreta? É a Dra. Danielle Lanzer! Eu sempre aprendo e me inspiro demais com ela…

            Hoje fui a um evento na Assembleia Legislativa de São Paulo, um ato solene em prol do PL 230 de 2022, que institui a Campanha “Abril Tulipa Vermelha”, em favor da educação e conscientização sobre a doença de Parkinson.

            Adivinha quem organizou tudo e liderou o movimento?

Claro que o projeto de lei foi proposto pelos deputados Thiago Auricchio e Edna Macedo, mas foi idealizado pela Dra. Dani, em sua luta cotidiana na coordenação da “Vibrar com Parkinson”, instituição de que tenho a enorme honra de ser um dos conselheiros, além dos diálogos com o Ricardo Izar.

Como ficamos amigos? É uma história que merece ser contada. Vamos tomar o desvio das memórias?

Minha história com o Parkinson já vem de longa data.

Eu, quando criança, via meu avô com Parkinson e, para minha ignorante inocência, tudo não passava de um tremor charmoso. Cresci brincando com os vidros vazios dos remédios…

Os anos passaram… Meu avô, de abençoada memória, seguiu rumo às nuvens… Nessa época meu tio foi diagnosticado com a mesma condição. Eu já entendia que a doença era muito mais que aquele charme, e que os vidros de remédio não eram brinquedos.

A depressão e a instabilidade emocional eram consequências muito piores que o simples tremor (que aprendi, anos depois, nem sempre acompanham o Parkinson). As barreiras dos preconceitos retiravam o trabalho e a dignidade de todos os parkinsonianos.

Só a convivência permite a sensibilidade no trato com essas pessoas, tão valiosas quanto incompreendidas…

Anos mais tarde, quando meu pai ia encontrar meu avô no reino das nuvens, conheci uma ótima estagiária, hoje advogada, Dra. Eliane Carreira Cavalcanti, na Defensoria Pública.

Passados alguns anos, ela me ligou para contar como desenvolvera Parkinson, e estava se tratando na Associação Brasil Parkinson, onde começou a montar uma nova instituição, a “Arte com Parkinson”.

Ao que tudo indica, a beleza emanada pelas artes acalma as emoções dos parkinsonianos e controla seus movimentos.

Fui lá conferir tudo e fiquei encantado com o que vi e conheci. A estrutura da ABP, o prédio, as terapias… Lá eu conheci, por exemplo, um inovador tratamento desenvolvido pela Dra. Érica Tardelli, que usava o jogo de ping-pong para controlar os movimentos e emoções dos acometidos pela doença.

Também tive algum contato com a Dra. Danielle Lanzer, que me explicou alguma coisa sobre o movimento das tulipas vermelhas e sobre a Vibrar com Parkinson. Ela também me convidou para uma reunião próxima em que eu seria oficializado como conselheiro.

Como diriam os mais jovens: para resumir o rolê, passei a trocar mais ideias com ela, entender mais da doença, dos remédios, dos tratamentos, e, acima de tudo, das dificuldades diárias enfrentadas pelos parkinsonianos.

A Dra. Dani, uma grande amiga, é daquelas pessoas que mata um leão por dia, mas que usa a pele dele para cobrir aqueles com frio, usa a carne dele para dar comida a quem tem fome… Ou seja, ela usa as pedras no caminho dela como ferramentas para fazer a vida de todos melhor.

Por isso aprendo e me inspiro tanto! Ela transforma as pedras individuais em ouro social!

ANDRÉ NAVES

Especialista em Direitos Humanos e Sociais.
Defensor Público Federal. Escritor e Professor. Conselheiro do Chaverim, grupo de assistência às pessoas com Deficiência. Comendador Cultural.
Colunista do Instituto Millenium, além de diversos outros meios de comunicação. www.andrenaves.com