A Inclusão Social não tem ideologia!

A Inclusão Social não tem ideologia!

Recentemente, em evento político, o Presidente Lula deu uma declaração extremamente errada, preconceituosa e capacitista. Prefiro não repetir aos termos, nem me ater a esse fato deplorável, típico daquelas pessoas arrogantes e ignorantes que se arvoram no direito de opinar sobre temas desconhecidos. A verdade é que palavras assim quando saem da boca de um Presidente da República ganham peso enorme, e conseguem aprofundar estereótipos e obstáculos sociais. 

Não se pode ser preguiçoso ou desidioso: o conhecimento acerca dos temas envolvidos com a inclusão social exige uma busca ativa pelas mais diversas individualidades, sendo certo que somente pela convivência plural e democrática da sociedade é possível compreender as reais capacidades, e necessidades, de cada pessoa. Por isso que, a partir dessa declaração desastrosa, proponho uma reflexão profunda e honesta para todos aqueles que buscam fomentar o desenvolvimento da sociedade a partir de estrutura inclusivas.

Será que estamos nos posicionando a favor da Inclusão Social, ou será que utilizamos essa temática como instrumento vinculado ao favorecimento de nossas conveniências ideológicas e político-partidárias? E se essas mesmas expressões tivessem saído da boca de adversários políticos? Qual seria o nosso posicionamento?

É preciso ter em mente que sempre que aparelhamos alguma causa em favor de qualquer ideologia político-partidária, estamos aprofundando as barreiras, e assim, a exclusão social. Em primeiro lugar, pelo motivo de que não favorecemos o livre desenvolvimento das dignidades individuais. Ou seja, não encaramos as pessoas, em sua profunda diversidade, como fins em si mesmas. Ao contrário, percebemo-las como instrumentos vinculados às nossas finalidades pessoais e preferências ideológico-partidárias.

Em segundo lugar, pela razão de estarmos em um cenário político extremamente polarizado: ao invés do diálogo construtivo com eventuais adversários, preferimos a completa exclusão deles dos debates nacionais. Dessa maneira, cada grupo, cada vez mais enclausurado em suas bolhas, perde a noção do todo social, prejudicando a construção coletiva, pelas individualidades livres e emancipadas, de estruturas sociais inclusivas e Justas.

ANDRÉ NAVES

Especialista em Direitos Humanos e Sociais.
Defensor Público Federal. Escritor, Palestrante e Professor. Conselheiro do Chaverim, grupo de assistência às pessoas com Deficiência. Comendador Cultural.
Colunista do Instituto Millenium, além de diversos outros meios de comunicação. www.andrenaves.com